quinta-feira, 12 de março de 2009

Marinheiro


Eu só queria saber
Porque os novelos têm nós,
Porque há muros nas ruas,
Porque tememos ficar sós?
Uma vez disse-te baixinho
Para seres capitão do meu barco;
Navegares devagarinho
Por todo o meu imenso espaço.
Pedi-te para teres cuidado,
E não fazeres como as marés
Que vão sempre mais do que vêm,
E só me molham os pés.
Porque eu quero mergulhar,
Sentir-te nas ondas do mar,
Quero afogar-me em ti!
Talvez hoje
Talvez nunca,
Talvez um dia,
Quem sabe,
Os dois nos encontremos
Num caminho por aí...
Muitas vezes dou comigo
A lembrar-me do meu medo
De te contar tudo, e no fim,
Não restar um só segredo
Para me esconder de ti.
Mas tu fugiste de mim
E não quiseste saber;
Agora sou um barco vazio
Que só pensa em se perder...
Quero perder-me no mar,
Porque não encontro o sentido
De ser barco a navegar,
Sabendo que tu estás perdido.
Não fujas de mim marinheiro,
Porque eu vejo-te como és...
E ainda que te precise muito,
Sei que o que há mais são marés...

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