sexta-feira, 13 de março de 2009

As minhas costas (08/12/2006)


Estar sozinha é muito difícil. Aprende-se numa semana o que levaria um mês a perceber-se se se vivesse acompanhado. Acompanhado pela família, pelos amigos, pelo senhor da mercearia, pelo motorista da Carris que nos abre a porta do autocarro todos os dias, pelo polícia que está sempre na mesma rua àquela hora. Aqui também há amigos, merceeiros, motoristas e polícias. Mas são outros. E há famílias mas não a nossa família. As nossas pessoas. As caras que já vimos milhões de vezes (no verdadeiro sentido da expressão) e das quais nunca enjoámos. Longe sente-se mais falta de tudo. Até do que não se fazia mas sempre se pôde fazer. Sente-se mais falta daquele livro que não se leu, do passeio que não se deu, da visita que não se fez."Não peças um fardo ligeiro, pede umas costas fortes" - foi o que eu fiz. Deve ser por isso que geralmente consigo tudo o que quero (mesmo que venha fora de prazo), devido às costas fortes. E um dia hei-de repousar as costas para elas poderem descansar finalmente. Ou não.

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