"Um amigo é a melhor coisa que se pode ter e a melhor coisa que se pode ser" - Ouvi esta frase pela primeira vez quando tinha uns 6 anos e poucos amigos. Passaram muitos anos, muitos amigos, a frase ficou. Nunca fui de ter 10 melhores amigas ou pertencer a um grupo extenso. As minhas amizades sempre foram acontecendo ao acaso, principalmente as boas. Foi o teu caso. Aconteceste não sei como nem porquê, mas ainda bem. Já nos conhecíamos sem nos conhecer, e provavelmente ninguém diria que a nossa amizade seria assim (nem nós). Lembro-me de falarmos regularmente no Colégio, mas sem grandes temas. Sempre achei que me julgavas pouco cool e demasiado séria. Se calhar, às vezes, ainda acho. Foi provavelmente em Milfontes que nos aproximámos. Continuávamos a ser diferentes, mas parecia menos. Ainda hoje recordo a primeira vez que me telefonaste, já andávamos na faculdade, e não nos víamos há meses. Surpresa. Foi exatamente o que senti. Quando desliguei o telefone, passadas umas três horas, estava feliz. Não faço ideia do que falámos nessas três horas ou nas dezenas de horas que se seguiram no nosso ritual do telefone, mas desligava sempre mais feliz. Mesmo quando começámos a trabalhar e eu me cortava nas saídas, tu não desististe. Mesmo quando tu estavas demasiado deprimida para sair de casa, eu não desisti. Demos longos passeios pelo Vasquinho, rimos e chorámos juntas vezes sem conta. Ainda hoje, ninguém imita o Hippy como tu (LOL). És bondosa e insegura, mas cada vez mais forte. Cresceste muito. Sinto que cresceste muito desde que encontraste o homem da tua vida. Sei que segues formosa e segura pela verdura dos Açores (ou por outro lugar qualquer). Tu que nunca gostaste de ilhas, noto agora em ti um certo fascínio pela confinidade. Talvez a estabilidade te tenha aproximado de uma liberdade limitada que te faz ser tão mais feliz. Claro que tenho saudades tuas, mas mesmo longe (ao longe) consigo ver-te. E isso é o supremo da amizade.
PS - Não é a tua música, mas uma das tuas músicas*